Como criar KPIs de gestão ambiental!

Falamos sempre sobre a necessidade da gestão ambiental ser profissionalizada, com indicadores, metas e monitoramentos. Mas você sabe como criar KPIs de gestão ambiental? Você sabe quais os indicadores são importantes de serem avaliados? Você sabe como avaliar um indicador e como estabelecer metas e interpretar os resultados?

Bom esse post traz algumas dessas respostas, porém antes precisamos relembrar o fundamento mais importante da gestão ambiental na indústria.

“Ninguém entende mais sobre o processo produtivo do que a própria indústria”

Quando visto dessa forma, parece uma bobagem, mas é muito comum nos depararmos com histórias de consultores que fizeram propostas mirabolantes de programas, metas e planos, que estavam muito, mas muito distantes da realidade do processo industrial. O coração da indústria é o processo produtivo, e por isso é fundamental conhece-lo ao máximo, para conseguir criar abordagens que sejam aderentes ao processo e  a rotina da empresa, de forma a serem implementadas inicialmente sem grandes desafios.

Aquela velha história do baby steps, ou passo a passo, nunca perdeu sua importância, mesmo agora em tempos de inovações disruptivas. A própria disrupção é associada a uma cultura de inovação, que precisa ser criada no dia a dia. Não existe uma ruptura significativa em uma corporação que ainda não faz ou desenvolve a melhoria contínua dos seus processos e procedimentos. Afinal de contas, é essa cultura de gestão que propicia a criação e desenvolvimento de grandes disrupções, por isso, comece criando inovações aderentes ao processo e aos poucos você estará construindo uma grande transformação.

Bom, feitas as observações, vamos ao que interessa nesse post.

Como criar um KPI de gestão ambiental?

Já dissemos nesse post aqui, a importância de entender o mapeamento do processo produtivo, com as suas saídas e entradas bem descritas. Também falamos aqui, sobre a importância dos indicadores da gestão ambiental, mas hoje, vamos abordar especificamente a criação dos KPIs. O nosso KPI (Key Process Indicator / Indicador Chave do Processo) será sempre a relação entre uma saída do processo produtivo, com o seu parâmetro de produção, como fizemos na figura a seguir, relacionando consumo de energia e produção.

kpi

Veja que no exemplo acima, utilizamos a relação de consumo de energia para a produção de 1 m² de produto, considerado como o indicador de produção utilizado por essa indústria. Interessante observar no exemplo acima, o que chamamos de curva de aprendizagem. Nós tivemos a oportunidade de trabalhar com essa indústria desde o inicio da produção, e assim conseguimos perceber a variação expressiva do consumo nos meses iniciais, geralmente altos, visto que a empresa ainda estava absorvendo e aprendendo a melhor forma de produzir.

A curva de aprendizagem acontece inclusive na abertura de filiais de indústrias já consolidadas, e que portanto já dominam os seus processos de produção. Isso acontece porque está associada a cada planta industrial, a cada localidade e a cada turma de funcionários. Obviamente que a curva de aprendizagem de organizações com altos índices de padronização, eficiência e gestão, são consideravelmente menores, porém sempre aparecem nos gráficos de avaliação.

No exemplo acima, demonstramos a criação do KPI, ou seja, trabalhamos a relação matemática entre duas informações. Porém, conseguimos ir um pouco além, como se trata de indicadores parametrizados podemos fazer inferências quanto a variação média do indicador. Para isso, desconsideramos a interferência maior, considerada um outlier, e trabalhamos apenas com a variação ao longo do tempo das demais medições.

É importante nesse caso entender qual a magnitude da variação, entre o resultado mais baixo e o resultado mais alto. No KPI em análise quanto menor o consumo de energia por m², melhor é a produtividade da indústria, portanto, buscamos sempre reduzir o valor desse KPI.

No exemplo acima, essa variação ocorre  entre 1,19 a 2,07 kw/m². Ou seja temos uma variação de 0,88 kw/m² para conseguir reduzir e chegar ao nosso melhor resultado. Essa metodologia é utilizada por exemplo, pelo professor Vicente Falconi, da Falconi Consultores de Resultado, que denomina essa variação como lacuna. Veja aqui nesse post o que eles falam sobre isso.

Dessa forma, com essa lacuna conhecida é hora de colocar a mão na massa e buscar esse resultado no seu processo produtivo. Quando você conseguir atingir o seu melhor resultado, ou seja, zerar a sua lacuna interna, daí você começa a procurar outras referências, como os seus concorrentes, trabalhando sempre de forma a atingir a melhoria contínua dos seus resultados.

É assim que nós transformamos empresas em negócios sustentáveis, independente do porte ou do processo industrial, sempre existem lacunas para serem trabalhadas.


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