Indicadores de Gestão Ambiental

A gestão ambiental já faz parte do mundo corporativo, seja através das diretorias, gerências ou coordenações de sustentabilidade, seja através das divisões integradas, como os departamentos de QSMS e etc.

Entretanto, ainda percebemos que a maior parte dos esforços é direcionado ao levantamento de informações e acompanhamento de regularidade ambiental.Ou seja, as empresas gastam a maior parte do tempo atualizando planilhas de geração de ruído, efluentes e etc, e acompanhando o cumprimento das condicionantes, pouco ou quase nenhum tempo é gasto com a análise das informações, desperdiçando assim um enorme potencial da gestão ambiental.

No post anterior, fizemos uma reflexão acerca da gestão ambiental como uma ferramenta de mensuração de produtividade, o qual consideramos a grande sacada, porém para isso precisamos do famoso pulo do gato, ou seja, quais os meios para fazer com que a gestão ambiental seja uma forma de mensuração de produtividade.

Discutimos algum tempo, como pode ser visto aqui, os passos fundamentais para uma gestão ambiental eficiente. Porém gostaríamos de aprofundar um pouco mais na construção de indicadores, o nosso pulo do gato, para conseguir transformar a sua gestão ambiental, em uma ferramenta poderosa de análise.

O levantamento de informações a partir dos monitoramentos é fundamental, ou seja, não tente pular os passos, pois os dados são a espinha dorsal da gestão ambiental. A partir dos dados, é preciso primeiro organiza-los em séries históricas, para que possamos identificar padrões de comportamento e sua distribuição ao longo do tempo.

As séries históricas em nosso sistema de gestão ambiental são organizadas automaticamente, de acordo com os dados de monitoramento, conforme pode ser visto a seguir.

Série histórica

A partir das séries é possível avaliar por exemplo a tendência de comportamento das emissões, como no exemplo acima, em que é observado a tendência de alta nas emissões de efluentes líquidos, especificamente no parâmetro de DBO, confirmado após a realização de três medições.

No entanto, ainda estamos no campo dos dados, ou seja, temos apenas a informação bruta. Para transforma-la em conhecimento é necessário agregar um pouco mais de valor, correlacionando por exemplo com dados referentes a produção, faturamento e etc.

Um indicador que tem abrangência para diversas atividades industriais e que pode ser o primeiro passo para transformar a sua gestão ambiental, é a geração de resíduos sólidos/produto produzido, ou faturamento obtido. A geração de resíduos possui uma correlação mais clara com uma gama maior de atividades industriais do que as demais emissões, exceto claro para a área de bebidas, lácteos e afins, e portanto, sua aplicação é mais fácil e com potencial de retorno maior.

Por exemplo, imagine que a sua empresa seja uma fábrica de tecidos, e que sua geração principal de resíduos, seja as aparas de tecido, aqueles restos de pano que a máquina não conseguiu processar. Se monitorarmos a quantidade de aparas geradas, pela quantidade de produtos produzidos, teremos um relação direta da eficiência do processo produtivo, quanto maior o indicador menor é a eficiência e a produtividade da fábrica. Sendo assim, os objetivos e metas da gestão ambiental, devem ser alinhados a equipe de produção, para que sejam feitas melhorias dentro do processo, objetivando reduzir o indicador, e assim aumentar a eficiência operacional de toda a empresa.

Infelizmente, por mais claro que tal metodologia possa parecer, sua aplicação ainda é muito baixa, e grande parte das equipes de meio ambiente, buscam apenas monitorar a geração e não sua correlação com a produção. Encontramos muitas empresas que estabelecem metas e objetivos demasiadamente genéricos para o time, como “aumentar a conscientização ambiental dos colaboradores” ou “atuar de forma justa e harmoniosa junto ao meio ambiente”. Não que esses não sejam objetivos e metas interessantes, claro que são, porém estão mais alinhados a conceitos e valores e não a objetivos concretos, mensuráveis e estratégicos para a organização.


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